Eu já calculava. Aconteceu o mesmo com a Catarina. E, por mais que se diga que não há duas gravidezes iguais, esta está a ser muito parecida com a primeira.
Segunda-feira fui à médica e vim de lá com a receita de repouso absoluto. O Vicente está com pressa, mas precisa de ficar no quentinho mais umas semanas. Por isso, o meu papel agora é ser uma incubadora.
Quando foi com a Catarina, adorei este tempo: descansei muito, consegui pôr as séries, os filmes e a leitura em dia, preparei-me mentalmente para o bom caos que aí vinha. Mas agora não estou sozinha. Sou uma incubadora com atrelado. A Catarina estranhou logo na segunda-feira: «Porque é que tu é que me vens buscar?», perguntou quando viu o pai na escola. Em casa, explicámos-lhe que a mãe tinha que descansar muito para o Vicente nascer grande e forte e que quando ela estava na minha barriga tinha acontecido o mesmo. Disse-lhe também que, estando eu quietinha no sofá, teríamos muito mais tempo para brincar juntas (brincadeiras sossegadas, claro), já que não podia andar a arrumar a casa ou a tratar de outros assuntos.
Não ficou muito convencida. Não vou buscá-la à escola. Não vou passear com ela. Não lhe dou banho. Acho que, pela primeira vez, percebeu que isto de ir ter um mano pode atrapalhar-lhe um pouco a vida. E eu percebi, pela primeira vez, sem querer ser muito dramática, que ter mais do que um filho será uma eterna «escolha de Sofia».