quarta-feira, 1 de agosto de 2012

O segredo de um parto


O "problema" de ter um parto em casa é ter de passar a vida a explicar o porquê e o como.

Se eu dissesse que tinha estado dois dias no hospital cheia de dores, sem me poder mexer, com três doses de epidural, que me tinham rebentado a bolsa, carregado na barriga, que me tinham cortado toda e que tinha passado (no mínimo) uma semana sem me conseguir sentar, ninguém estranharia, ninguém faria perguntas ou comentários.

Talvez encolhessem os ombros e suspirassem: «O que interessa é que o bebé está bem». E a mãe? Estaria bem?

No meu caso, posso dizer que bebé e mãe estão maravilhosos. E não foi preciso ninguém me tocar, ninguém me espetar, ninguém me cortar, ninguém me dar ordens.

 
Mas cada vez que digo que o Vicente nasceu em casa é o drama. No registo, na inscrição no Centro de Saúde, nas vacinas, as perguntas e o espanto sucedem-se. Ficam a olhar para mim, a avaliar-me: «Será freak ou tola?»

Entre quem me conhece, amigos e familiares, uns chamam-me corajosa, outros inconsciente. Não acho que seja nem uma coisa, nem outra. Felizmente, tive a possibilidade de seguir o meu instinto e fiz tudo o que senti que devia fazer. Sem medo. E é este o segredo para um bom parto, seja ele em casa ou no hospital.